Quadro de Toulouse Lautrec(Pintor francês impressionista conhecido por pintar a vida boêmia) retirado do site https://frenchmorning.com/plus-que-quelques-jours-pour-voir-toulouse-lautrec-a-arlington/
O alfa
Eu sou
um homem. Estou na vila boemia de minha
cidade natal. Precisamente em 1974. Já tomei uma cachaça para ganhar coragem.
Tenho medo no olhar. Nosso passado machista me fazia temer esta missão. Por isso
enchia a cara para ganhar coragem.
Da rua
esquerda ela veio. Não sabia o nome nem queria saber. Ela era miúda. Dirigiu-se a mim com a cabeça baixa e perguntou se eu queria me divertir. Eu
disse que sim. E pedi- lhe para que ela me mostrasse seu corpo. Ela hesitou um pouco, mas depois abaixou a calça
até os joelhos. Tudo era interessante. Era a minha primeira vez. Um tufo de cabelos cobria ali entre as pernas sobre a fenda. Ela riu, jogou os cabelos para traz com uma desenvoltura
de quem fazia aquilo diariamente. Bebi mais uma cachaça. Ela pediu para ver o tamanho do meu órgão eu relutei mas como estava rígido tirei e mostrei. Suas mãos eram mornas. Meu coração quase explodiu em sua mão. Eu criei coragem e
perguntei-lhe quanto à diversão me custaria. Ela disse sem me largar que ia
fazer para mim um precinho especial. era para virar freguês, ela disse mordendo minha orelha. Aqui somos de fino trato, disse.
Combinei voltar no dia seguinte. Receberia o dinheiro da mesada. Ela
beijou-me na maçã do rosto e sumiu no beco escuro. Eu tirei os óculos
embaçados pelo seu hálito quente e limpei na camisa. Fiquei pensativo e tomei
mais uns goles. Paguei o boteco e sai. Peguei o circular e fui direto para casa. As pessoas me olhavam. Será que desconfiavam
do que eu pretendia?
Entrei
em casa passei direto pela sala ao quarto. Deitei vestido mesmo só tirei os
tênis. Olhei para o teto horas.
Suspirei.
Seria medo de falhar?
Cedo
levantei. Coloquei uma cueca nova. Olhei
no espelho os dentes, o hálito, o nariz os olhos e por último dentro da cueca.
Inspeção
de rotina. Ficou rígido.
Desci
no ponto final.
Entrei
na viela escura e subi ao quarto. Ela me recebeu com um sorriso e me fez deitar
na cama. Deitei de frente para a janela todo vestido. Ela disse-me, não bobinho
fique só de cuecas. Tirei a roupa e fiquei olhando pro teto. Acendi um cigarro
que ela pegou dos meus lábios e deu um grande trago.
Ela
colocou-se frente a mim. Disse que meu bigode ainda era ralo. Ela de pequena
ficou enorme. Eu olhei os seios dela. Ela disse que eu podia pegá-los devagar
para não machucá-los. Levei uma das mãos e toquei o bico com um dedo. Era como
uma grande verruga. Ela olhou dentro de meus olhos. Um menino. É o que ela via.
Eu via
uma mulher experiente. Coitada. Já fora como eu, mas a vida lhe tomou a
inocência. Tivera família, talvez. Agora vivia sozinha ela e o cafetão que
estava lá fora. Qual o motivo de ter virado uma prostituta? Faço ideia, mas não me importo.
Tenho
os olhos nebulosos. Súbito ela montou em mim e colocou tudo para dentro. Quase
não tive trabalho. Ela subia e descia vertiginosamente. Enquanto isso, eu não pensava noutra
coisa a não ser contar para a turma da esquina. Se, demorou cinco minuto foi
muito. Ela tinha outros fregueses. Não nos beijamos na boca. Ela tinha os
dentes estragados.
Agora eu
estava mais calmo. Mais dono de si. Ela
não gozou. Era profissional. Só fingiu uns gemidos.
Limpei-me
no banheiro. Dei uma nota mais alta do
que o combinado. Fique com o troco eu disse. Ela pegou a nota e socou entre os
seios. Agradeceu minha bondade.
Volte
mais vezes ela disse que na próxima poderemos variar as posições. Eu disse que
sim e saí.
Li no
cartaz pregado no orelhão: Aninha, inteirinha, bunda empinadinha, atende prive,
homens, mulheres e casais. Sem frescura. Anal, vaginal e oral.
Anotei
o nome dela.
Somos implacáveis.