Com a morte de Ivan Lessa, grande cronista; resolvi
fazer-lhe uma homenagem singela. Sei que
ele gostava de fazer frases. Claro. É isso que um escritor faz. Frases,
orações, períodos, parágrafos...
Mas estas sem exceção criações minhas. Se não tudo pelo menos a
ideia. Se por acaso acharem que nem a ideia, indago como faz um amigo meu: Tem culpa eu?
Tem culpa todo mundo? Se as palavras saem de um mesmo livro que é o dicionário?
Pois então não duvidem. Criei,suguei, copiei ou algo assim não importa.
Exclamações de um defunto a
respeito da morte
Eis:
-Engraçado! Estou rígido, mas ainda penso.
-Não há luz! Talvez porque ainda não cheguei ao
inferno.
-Agora pertenço à eternidade.
-Finalmente serei pó, mas que não seja cocaína.
Não quero ser ilusão e perdição para ninguém. Já bastam meus textos que são uma
droga.
-Um dia acreditei na sorte e na esperança. Vivi.
-Trilhei como
um pêndulo entre a razão e a loucura. Incrível ninguém ter notado.
-Minha opinião agora é morta.
-Agora já era o amor próprio e o narcisismo.
-Ah! Ah! Agora é que quero ver lá do fundo à cara
dos meus credores.
-O que desejo realmente agora é o silêncio.
-Peço delicadamente a quatro amigos ou parente,
que suportem meu peso pela última vez.
-Se realmente existir espírito estarei de olhos e ouvidos
bem abertos.
-Agora serei só. Um monte de terra e uma cruz em
cima.
-O gozo carnal nunca mais. Agora é a plenitude.
-Sinto-me uma estátua. A diferença é que estou na
horizontal.
-Venham! A fila andou. Sou apenas um número. Por
sorte com epitáfio.
-Mas, eis a
morte. Oh senhorita, és de verdade quem eu tanto temi?
Leia sua última crônica aqui: http://diversao.terra.com.br/gente/noticias/0,,OI5825950-EI13419,00-Confira+a+ultima+cronica+escrita+por+Ivan+Lessa.html
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