A sorte
Um
rato saiu de madrugada para procurar comida, preferencialmente um queijo
mineiro. Ao sair da toca olhou para um lado e para o outro e vendo que o caminho
estava livre, atravessou o corredor num instante.
-Que
sorte! Essa casa abandonada toda minha e ainda esquecem um queijo sobre a mesa!
Eis
que no final do corredor há um gato a espreita. Ao vê-lo o rato exclamou:
-A
vida é muito injusta! Sofro desde o nascimento!
A injustiça só aparece quando é
desvantajoso para ele. Embora haja
disparidade de coisas que parece realmente injustiça, por exemplo: saúde
riqueza, poder etc. Mas no real tem menos injustiça no mundo do que parece ter.
“Afinal
tenho uma bela saúde, estou vivo por enquanto, tenho disposição e adoro queijo”.
Assim
ele deu um salto enorme para escapar e por azar caiu dentro da caixa d’água. Observou
nesse ínterim que tinha mais quatro na mesma situação. Nadavam loucamente para
sobreviver.
O pior
é que na caixa tinha somente uma boia e só um rato poderia apoiar-se nela. Logo
surgiu um debate acalorado, que o primeiro tinha mais direito, mas todos
discordavam disso, pois todos tinham direito a vida. Assim depois de muito bate boca, resolveram
que o mais justo seria uma escolha usando o aleatório. Num acordo de
cavalheiros fizeram um sorteio.
Ele
ganhou.
Depois que os quatro morreram, ele usou seus corpos
para sair da caixa d’água.
Fora
de perigo, deus graças a seu deus e a partir daí nunca mais reclamou da sorte,
e do aleatório da vida, pois o aleatório é justo, até justíssimo, por que em
sua escolha cega, não segue convicções nem preconceitos.
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