O alfa e a
menina
Sou aquele homem que
perdeu a virgindade na vila boêmia da cidade natal. Todas as putas do lugar
eram conhecidas. Cruzavam conosco na missa dominical. Elas doavam o dízimo
semanal. Já falei disso antes. Foi em setenta e quatro. Estávamos na ditadura de
Geisel. Ele oferecia uma abertura para a volta da democracia. Eu estava mais
preocupado em outras aberturas. Havia treinado bastante com as prostitutas e já
era hora de comer minha namorada eu pensei esse dia. Nessa época nossos pais
diziam “segurem suas cabritas que meu bode está solto”. Foi assim que eu
aprendi.
Estávamos no sofá. Não
sabia se ela queria, eu queria e isso bastava. Ela era linda. Criada totalmente
ao contrário. Enquanto eu passava o dia treinando sexo ela treinava ser mãe com
as suas bonecas. Vamos vê o que vai dar essa disparidade.
Nesse dia foram dormir
mais cedo. O pai era retireiro, tinha cem vacas para tirar o leite bem cedo. A
mãe igualmente ajudava o velho na lida. O irmão mais novo ficou me vigiando até
quando pôde. A gente sempre inventava algo para ele fazer. Buscar um copo d água,
Ir lá fora vê se ia chover, mas aquele dia ele dormiu como uma pedra.
Só ficou acordado o bode
e a cabrita, o lobo e a ovelha.
Ela levantou-se como
fazia todas as noites e veio beijar-me na boca longamente para despedir-nos. Eu
agarrei-a pela cintura e disse ao seu ouvido, hoje eu quero mais. Ela disse que
não, que o que eu estava pensando, só depois de casados. Que jamais ia ceder, que sabia como eram os
homens etc e etc.
Eu estava mais seguro, sabia o que a mulher
esperava nesse momento. Já tinha praticado de tudo com as prostitutas.
Quero comê-la eu disse.
Ela hesitou um pouco, mas
me beijou longamente. Avancei a mão por entre suas pernas.
Ela tinha o sonho de
casamento com véu e grinalda, na igreja, leu todos os livros dos autores
românticos principalmente Shakespeare e os primeiros de Machado de Assis. Eu lia
somente os romances de Machado em sua fase realista.
Mundos diferentes. Ela
fora criada brincando de boneca. Tomar conta da casa, da cria. Eu fui criado
como bode solto. Como Alfa.
Com muito custo consegui
que ela deixasse colocar por cima da calcinha. Ela estava excitada também.
Perguntava toda hora se eu a amava. Eu te amo, te amo, te amos eu teria dito
mil vezes mil enquanto ela deixava-me
avançar mais.
Falei a frase crucial. Deixa
eu colocar só a cabecinha...
E deixar colocar a
cabecinha não tem mais volta ou tem ida e volta.
Enquanto ia e voltava ela
não parou de falar um minuto:
Você promete não me
abandonar ela dizia. Prometo, prometo, prometo mil vezes mil, um milhão ai
gostosura eu dizia.
Ela ficou com uma cara de
Madalena arrependida.
Depois chorou em meu
ombro lágrimas mornas não sei se de felicidade ou de tristeza.
Não achei muito
interessante, devia ser porque era a primeira vez dela. Ela limpou as lágrimas, jogou os cabelos para
traz com um pouco de timidez. Ela quis
beijar mais, mas eu estava satisfeito e a beijei na testa.
Ela
não dormiu essa noite. Eu dormi um sono
pesado.
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