O primeiro amor
A brisa da manhã forçou a janela soltando a taramela deixando-a aberta ao vento ou a deus dará e por ela entrou a vida: a paisagem avançou pela fresta, o sol esticou-se no lençol da cama e os pássaros cantou nos remansos.
O menino levantou e lavou o rosto na fria tina, da água do pote da varanda, os da cozinha era para beber e cozinhar, dizia a mãe.
O menino tirou as remelas dos olhos com o próprio xixi,
receita das tias. Bater e valer.
Era o primeiro dia de escola
O coração aos pulos
Deu um capricho nos dentes
Sorriu duas vezes no espelho
Arrumou os cadernos no embornal ia contente
Lapinzeiras, borrachas e cadernos empilhados.
O livro o pequeno príncipe com a página marcada, com uma fita "lembrança de Nossa Senhora Aparecida" que a tia trouxe de São Paulo e por fim um pão com salame bem guardado no fundo da lancheira azul.
Logo ao chegar ao pátio
No final da fila uma menina
Com laço nos cabelos
Uma Catita, os olhos pousou na menina
Uma pequena
Com olhos de ressaca
Que se encantou
Como uma flor
Que a partir dali
Foi musa de seus sonhos
E a amou
Sofregamente
Silenciosamente
E levou,
Escrito no rodapé do caderno
Dentro de dois corações,
O dizer:
"Amor para sempre"
Um segredo prá toda a vida, guardado a sete chaves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário