sexta-feira, 24 de junho de 2022

O primeiro amor


 


                 O primeiro amor



A brisa da manhã forçou a janela soltando a taramela deixando-a aberta ao vento ou a deus dará e por ela entrou a vida: a paisagem avançou pela fresta, o sol esticou-se no lençol da cama e os pássaros cantou nos remansos.


 O menino levantou e lavou o rosto na fria tina, da água do pote da varanda, os da cozinha era para beber e cozinhar, dizia a mãe. 


O menino tirou as remelas dos olhos com o próprio xixi, 

receita das tias. Bater e valer.


Era o primeiro dia de escola

O coração aos pulos

Deu um capricho nos dentes

Sorriu duas vezes no espelho

Arrumou os cadernos no embornal ia contente

Lapinzeiras, borrachas e cadernos empilhados.

O livro o pequeno príncipe com a página marcada, com uma fita "lembrança de Nossa Senhora Aparecida" que a tia trouxe de São Paulo e por fim um pão com salame bem guardado no fundo da lancheira azul.


Logo ao chegar ao pátio

No final da fila uma menina

Com laço nos cabelos

Uma Catita, os olhos pousou na menina

Uma pequena 

Com olhos de ressaca

Que se encantou

Como uma flor

Que a partir dali

Foi musa de seus sonhos

E a  amou

Sofregamente

Silenciosamente

E levou,

Escrito no rodapé do caderno

Dentro de dois corações,

O dizer:

"Amor para sempre"


Um segredo prá toda a vida, guardado a sete chaves. 

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