Poema para as crianças Ucranianas.
Foi numa tarde silenciosa
Que a bomba estourou...
Ensurdecedora.
E doeu os tímpanos
E doeu na alma
Levou a calma
Do povoado.
Em instantes o verde tornou-se cinza
O céu já não era anil
Era vil quando viu o menino
As paredes assustadas tremeram de pavor e caíram enfareladas como pão seco
As ruas vazias como uma boca sem dente
Ninguém corria de vê o vento balançar as rosas
Nem em vê a borboleta voar
Para lá e para cá
Essas coisas miúdas que nos faz feliz, agora eram tediosas
Caiu a tarde e as paredes das casas
Elas ficaram como feridas abertas mostrando as intimidades: via-se as cortinas vermelhas e azuis, as camas desfeitas e fumaças saindo das chaminés sem cheiro de comida, que pena! fedia isto sim, a pólvora e gás
A noite as estrelas caíram do céu e brilhavam nas poças pelo chão e no céu um gosto amargo na boca da noite gosto de fruta trevosa
Ah! Estou tão triste de vê minha cidade toda moída
Os prédios sem formas,
Amontoados de lixo
Os pássaros assustados não revoam mais
Só os pássaros metálicos defecando bombas sobre as pessoas, sujando as ruas
E eu senti-me tão doído dessa vida...
Que não ouvia meu coração soluçar baixinho.
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