quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Da solidão


Como estamos sempre aprendendo, melhor com os grandes. Paráfrase (termo grego, paráphrasis, que significa ao lado da frase, ou melhor, reescrevemos o mesmo texto utilizando palavras diferentes. Usei como exercício o maravilhoso texto de Cecília Meirelles: Da Solidão.

A solidão atinge um grande número de pessoas. As pessoas, logo que se acham sozinhas, ou longe de entes queridos, para que se desesperem em terrível melancolia, como se não houvesse vida em volta ou pressagiassem o mais terrível tormenta.

Verdadeiramente há a solidão? O que é a brisa se não formas indeléveis de Deus; E o sol, a lua, as estrelas que são? Mesmo que não sentíssemos o tato ou a audição, o olfato a visão ou qualquer outro sentido, na nossa mente reina as imagens que retornam em lembranças podendo ser vivida a qualquer momento, basta acordá-las.

É só saber escutar a voz do coração. As emoções emanam de qualquer parte, das pequenas e singelas coisas as maiores e complexas estruturas e são interligadas no mesmo universo, erigida da mesma matéria. E aí reina o divino e nossa atenção voltada para essas sutilezas eis o segredo. Como os índios que aprenderam a linguagem da natureza, e a respeita poderemos também observá-la e esse ilusório vazio não existirá, pois nos cercaremos por grandes emanações de beleza e amor.

Artistas em geral são lapidadores que tiram da rocha bruta, sua obra de arte, buscando a essência das coisas. Mesmo a rocha tem seus segredos suas aventuras. Quem senão as montanhas que viram todas as caravanas passar, desde os faraós aos escravos, e principalmente o Rei dos reis.
No seu silêncio existem todos os segredos.

Façamos assim. Concentre-se onde estão. Use seus sentidos. Veja a textura das paredes, as cores, as luzes; escute o compasso de seu coração, sua respiração, seus pelos são como uma floresta desbrave-a, vão ver que tem muito que ver em vez de pensar que estão sós.

E onde estiveres verá os pequenos insetos. Observe-os devagar um por um, o que eles fazem como andam suas cores, como trabalham, a quietude, a paz das coisas em volta. Dê um aumento nessa imagem, imagine vendo de uma altura absurda, e veja lá de cima, sua pequenez, mas mesmo assim mantêm sua beleza, uno, por inteiro.

Aprenda a olhar as coisas com olhar de criança que nas descobertas tudo se encontrava maravilhoso aos olhos, veja suas mãos, tanta nervuras, os dedos, o movimento complexo que faz, movam os olhos, esse movimento simples, movimentou todo um sistema de nervos, ópticos, e sensibilidade.

Ame você, sua alma, pois você é único. Em suas células, há o código genético, que herdastes dos pais, e isso, indefinidamente, desde a origem, fomos criados a semelhança de Deus.

Seja como as flores, que independente onde floresce se em um jardim ou num pântano, não importa, emprestam seu aroma a todos sem egoísmo, simplesmente desabrocham.
Enfim existe em volta toda uma eclosão de vida, o nascer duma estrela, uma folha que brotou. Aproveite então esse tempo, como a crisálida, que sozinha, em seu casulo, ganha a essência, e sai para a vida, numa forma colorida e harmoniosa.