sábado, 9 de novembro de 2019

O Alfa


Quadro de Toulouse Lautrec(Pintor francês impressionista conhecido por pintar a vida boêmia) retirado do site  https://frenchmorning.com/plus-que-quelques-jours-pour-voir-toulouse-lautrec-a-arlington/





                                                              O alfa


Eu sou um homem.  Estou na vila boemia de minha cidade natal. Precisamente em 1974. Já tomei uma cachaça para ganhar coragem. Tenho medo no olhar. Nosso passado machista me fazia temer esta missão. Por isso enchia a cara para ganhar coragem.

Da rua esquerda ela veio. Não sabia o nome nem queria saber. Ela era miúda. Dirigiu-se a mim com a cabeça baixa e perguntou se eu queria me divertir. Eu disse que sim. E pedi- lhe para que ela me mostrasse seu corpo.  Ela hesitou um pouco, mas depois abaixou a calça até os joelhos.  Tudo era interessante. Era a minha primeira vez. Um tufo de cabelos cobria ali entre as pernas sobre a fenda. Ela riu, jogou os cabelos para traz com uma desenvoltura de quem fazia aquilo diariamente. Bebi mais uma cachaça.  Ela pediu para ver o tamanho do meu órgão eu relutei mas como estava rígido tirei e mostrei.  Suas mãos eram mornas. Meu coração quase explodiu em sua mão. Eu criei coragem e perguntei-lhe quanto à diversão me custaria. Ela disse sem me largar que ia fazer para mim um precinho especial. era para virar  freguês, ela disse mordendo minha orelha. Aqui somos de fino trato, disse.

Combinei voltar no dia seguinte. Receberia o dinheiro da mesada. Ela beijou-me na maçã  do rosto e sumiu no beco escuro. Eu tirei os óculos embaçados pelo seu hálito quente e limpei na camisa. Fiquei pensativo e tomei mais uns goles. Paguei o boteco e sai. Peguei o circular e fui direto para casa.  As pessoas me olhavam. Será que desconfiavam do que eu pretendia? 

Entrei em casa passei direto pela sala ao quarto. Deitei vestido mesmo só tirei os tênis. Olhei para o teto horas.
Suspirei. Seria medo de falhar?

Cedo levantei. Coloquei uma cueca nova.  Olhei no espelho os dentes, o hálito, o nariz os olhos e por último dentro da cueca.
Inspeção de rotina. Ficou rígido.

Desci no ponto final.

Entrei na viela escura e subi ao quarto. Ela me recebeu com um sorriso e me fez deitar na cama. Deitei de frente para a janela todo vestido. Ela disse-me, não bobinho fique só de cuecas. Tirei a roupa e fiquei olhando pro teto. Acendi um cigarro que ela pegou dos meus lábios e deu um grande trago.

Ela colocou-se frente a mim. Disse que meu bigode ainda era ralo. Ela de pequena ficou enorme. Eu olhei os seios dela. Ela disse que eu podia pegá-los devagar para não machucá-los. Levei uma das mãos e toquei o bico com um dedo. Era como uma grande verruga. Ela olhou dentro de meus olhos.  Um menino. É o que ela via.

Eu via uma mulher experiente. Coitada. Já fora como eu, mas a vida lhe tomou a inocência. Tivera família, talvez. Agora vivia sozinha ela e o cafetão que estava lá fora. Qual o motivo de ter virado uma prostituta?  Faço ideia, mas não me importo.

Tenho os olhos nebulosos. Súbito ela montou em mim e colocou tudo para dentro. Quase não tive trabalho. Ela subia e descia vertiginosamente. Enquanto isso, eu não pensava noutra coisa a não ser contar para a turma da esquina. Se, demorou cinco minuto foi muito. Ela tinha outros fregueses. Não nos beijamos na boca. Ela tinha os dentes estragados.
Agora eu estava mais calmo. Mais dono de si.  Ela não gozou. Era profissional. Só fingiu uns gemidos.
Limpei-me no banheiro.  Dei uma nota mais alta do que o combinado. Fique com o troco eu disse. Ela pegou a nota e socou entre os seios. Agradeceu minha bondade.
Volte mais vezes ela disse que na próxima poderemos variar as posições. Eu disse que sim e saí.

Li no cartaz pregado no orelhão: Aninha, inteirinha, bunda empinadinha, atende prive, homens, mulheres e casais. Sem frescura.  Anal, vaginal e oral.
Anotei o nome dela.
Somos implacáveis.