quinta-feira, 14 de junho de 2012

Boca fechada não entra mosquito






Era tempo de muito falatório e embustes no congresso. E vendo isso o presidente da casa resolveu imitar um antigo conto, em que numa pequena cidade o rei resolveu abolir a mentira, construindo em cima da ponte que dava acesso a cidade uma forca e quem quisesse entrar era questionado.

Fora editado e publicado a lei. Esta dizia: “Todos serão interrogados. Aqueles que forem pegos na mentira imediatamente serão enforcados em praça pública”.

Houve pesadelos e calafrios. Todos estavam atormentados e com medo de perderem o pescoço foi quando um deles mais astuto resolveu o imbróglio usando as brechas da lei  dizendo assim:

          -Uso o meu direito que está na constituição, que é o direito de ficar calado.
Nunca uma frase fora dita e copiada tanto.

Jamais a forca fora usada.

Agora serve como objeto de estudo e turismo, trazendo povos de outras regiões para observá-la.

Os jovens no intuito de brincadeiras e gozação postam fotos na internet sendo enforcados.
Já no congresso continua o maior silêncio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Exclamações de um defunto a respeito da morte





Com a morte de Ivan Lessa, grande cronista; resolvi  fazer-lhe uma homenagem singela. Sei que ele gostava de fazer frases. Claro. É isso que um escritor faz. Frases, orações, períodos, parágrafos...
Mas estas sem exceção  criações minhas. Se não tudo pelo menos a ideia. Se por acaso acharem que nem a ideia,  indago como faz um amigo meu: Tem culpa eu? Tem culpa todo mundo? Se as palavras saem de um mesmo livro que é o dicionário? Pois então não duvidem. Criei,suguei, copiei ou algo assim não importa.


                    Exclamações de um defunto a respeito da morte
Eis:

-Engraçado! Estou rígido, mas ainda penso.
-Não há luz! Talvez porque ainda não cheguei ao inferno.
-Agora pertenço à eternidade.
-Finalmente serei pó, mas que não seja cocaína. Não quero ser ilusão e perdição para ninguém. Já bastam meus textos que são uma droga.
-Um dia acreditei na sorte e na esperança.  Vivi.
 -Trilhei como um pêndulo entre a razão e a loucura. Incrível ninguém ter notado.
-Minha opinião agora é morta.
-Agora já era o amor próprio e o narcisismo.
-Ah! Ah! Agora é que quero ver lá do fundo à cara dos meus credores.
-O que desejo realmente agora é o silêncio.
-Peço delicadamente a quatro amigos ou parente, que suportem meu peso pela última vez.
-Se realmente existir espírito estarei de olhos e ouvidos bem abertos.
-Agora serei só. Um monte de terra e uma cruz em cima.
-O gozo carnal nunca mais. Agora é a plenitude.
-Sinto-me uma estátua. A diferença é que estou na horizontal.
-Venham! A fila andou. Sou apenas um número. Por sorte  com epitáfio.
-Mas, eis  a morte. Oh senhorita, és de verdade quem eu tanto temi?