segunda-feira, 11 de junho de 2012

Exclamações de um defunto a respeito da morte





Com a morte de Ivan Lessa, grande cronista; resolvi  fazer-lhe uma homenagem singela. Sei que ele gostava de fazer frases. Claro. É isso que um escritor faz. Frases, orações, períodos, parágrafos...
Mas estas sem exceção  criações minhas. Se não tudo pelo menos a ideia. Se por acaso acharem que nem a ideia,  indago como faz um amigo meu: Tem culpa eu? Tem culpa todo mundo? Se as palavras saem de um mesmo livro que é o dicionário? Pois então não duvidem. Criei,suguei, copiei ou algo assim não importa.


                    Exclamações de um defunto a respeito da morte
Eis:

-Engraçado! Estou rígido, mas ainda penso.
-Não há luz! Talvez porque ainda não cheguei ao inferno.
-Agora pertenço à eternidade.
-Finalmente serei pó, mas que não seja cocaína. Não quero ser ilusão e perdição para ninguém. Já bastam meus textos que são uma droga.
-Um dia acreditei na sorte e na esperança.  Vivi.
 -Trilhei como um pêndulo entre a razão e a loucura. Incrível ninguém ter notado.
-Minha opinião agora é morta.
-Agora já era o amor próprio e o narcisismo.
-Ah! Ah! Agora é que quero ver lá do fundo à cara dos meus credores.
-O que desejo realmente agora é o silêncio.
-Peço delicadamente a quatro amigos ou parente, que suportem meu peso pela última vez.
-Se realmente existir espírito estarei de olhos e ouvidos bem abertos.
-Agora serei só. Um monte de terra e uma cruz em cima.
-O gozo carnal nunca mais. Agora é a plenitude.
-Sinto-me uma estátua. A diferença é que estou na horizontal.
-Venham! A fila andou. Sou apenas um número. Por sorte  com epitáfio.
-Mas, eis  a morte. Oh senhorita, és de verdade quem eu tanto temi?




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