terça-feira, 23 de março de 2010

O espelho


Quando ao espelho
Vejo-me melancólico,
0lhar frio e estrambótico,
Cabeça, corpo e membros;
Crânio, boca e massa encefálica;
A voz verborrágica,
No rosto marcas de risos e raiva,
No mesmo espaço
Como disfarces;
No centro o membro fálico,
Impulsionado por emoções bizarras,
O semblante pérfido às raízes
A derme modelada, noutras vidas,
Pensamentos, disformes;
Distancio-me do espelho, e choro.
E na dor imploro,
O avesso da carne.
Não sou quem eu sou, nem que vejo,
E sim a imagem invertida de mim mesmo.

A morte do escritor






De manhã o escritor morreu,
Sereno,
Solene,
Pequeno e
Só.
Sem nenhum aceno ou algo que o valha,
Terremoto,
Maremoto... Nada. O que restou,
O olhar agudo entre as flores,
Fixos,
Como a fitar,
As dores do mundo.

Último verso



Queria meu ultimo verso,
O reverso do universo.
Conciso e inciso,
No concreto.
Discreto.
Abjeto no espasmo
De um orgasmo.