domingo, 9 de junho de 2013

Zoom






Protegidos em nossas casamatas.

Olhos eletrônicos vigilantes, cercas elétricas.

O olhar no exterior, carros passando,

Luzes e estrelas cintilantes.

Na esquina um homem espera qualquer coisa.

Talvez algo com hora marcada.

Súbito outros dois surgem.

Um assalto.

Ele implora que não o mate.

Vemos em seus olhos,

Desesperados,

No zoom da câmera,

O medo e a derrota.

Emoção ao vivo e a cores,

Enquanto roemos as unhas, nos roem os intestinos

As bactérias, os cancros.

Nossas células se multiplicam,

Nosso cérebro deteriorado.

Um tiro fura a noite,

Sem dó nem piedade.

Cai o homem.

Os outros fogem.

A noite fria.

Nada para chorar...

Desligamos a câmera e vamos dormir exausto.

Morremos cada dia perdido.

Vivemos o experimento de uma morte futura

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