terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Náufragos





                                   Náufragos

 Retirado do site ----https://suburbanodigital.blogspot.com/2017/10/ilha-desenhos-para-imprimir-e-colorir.html


         


          Naufragamos.

          Somos três. Alcançamos uma ilha perdida no pacífico. Quando a ilha deu por si estávamos sobre ela como três insetos a sugar seu lombo.
          Construímos  tocas para nos proteger das intempéries do tempo. Cada um no seu canto e ao seu modo. Um de frente para o norte outro para o sul e o outro para o nordeste.
          Depois fomos dormir.
          Ao amanhecer fomos à busca de víveres. Não nos esquecemos de acender uma fogueira um dia se quer para que nos achássemos. Passou-se anos.
         Por sorte a ilha tinha caça e pesca a vontade. Aprendemos a colheita. Não demorou dentro de certo prazo começamos a construir cercas e divisas. Tínhamos que proteger nossa propriedade.
          Até que se ficasse assim talvez vivêssemos em paz para sempre. É certo que não tínhamos nenhuma convivência. Cada um olhava e cuidava de suas propriedades.
          O inferno é que mandou um quarto. Ele nadou por quilometro e se imiscuiu em nossa ilha. E assim começou a nos incomodar. Como ensinaríamos para ele os limites? Sem falarmos um com o outro tínhamos nossas regras. E isso nos bastava. Nós três sem nenhuma comunicação nos tolerávamos. E agora com esse quarto? Não era bem vindo. Não podíamos aceitar outro já que nossas crenças, nossas éticas, eram já conhecidas e respeitadas e para explicá-las demandava tempo.
          E se o quarto pensasse diferente de nós? A primeira coisa que aconteceria eram debates cansativos, xingamentos e depois ódios exacerbados. O que ganharíamos com isso?  É preferível não aceitá-lo de cara. Por muito que seja cruel. Que arranje outra ilha para viver.
          Assim construímos um muro. Ele ficou na praia. Mas como rato passava as noites cavando túneis.
Todos os dias têm que expulsá-lo. Talvez cansado, um dia o diabo aprendeu a navegar.
          Agora anda para cima e para baixo com uma nau, olhando para o horizonte. Os olhos dele chegam a brilhar no escuro quando mira as estrelas.
          Um dia de sol quente ele colocou- se  na água e rumou  ao horizonte até a vela desaparecer.
          Enquanto nós há anos esperamos um salvador.

22 de Janeiro de 2019

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