sexta-feira, 24 de junho de 2022

A mariposa

                    


 A mariposa


Pela rua triste e escura e silenciosa

Vem uma mulher 

Segura de sua insegurança

No feitio de sua sombra 

Magrinha, uma penumbra




Quando pára debaixo do poste

E se vê iluminada pelas  luzes de neon as mesmas que 

Ludibriaram as mariposas.

As casas escoradas uma nas outras para não ruirem,


Ela espera o cliente chegar

Sem alarde olhando para o chão branco de mariposas caídas. Todas perderam as asas

Não voam mais em liberdade

Em direção a luz que a iludiu

E que a largartixa encheu o buxo

Com regalo

Ela vende o prazer

Que  ousa dar

Com seus braços delgados

Os seus olhos tristes

Que vêem o brilho das estrelas

Num céu longe, muito longe.


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