sexta-feira, 24 de junho de 2022




 Poema para as crianças Ucranianas.


Foi numa tarde silenciosa

Que a bomba estourou...

Ensurdecedora.

E doeu os tímpanos

E doeu na alma

Levou a calma

Do povoado.


Em instantes o verde tornou-se cinza

O céu já não era anil

Era vil quando viu o menino


As paredes assustadas tremeram de pavor e caíram enfareladas como pão seco

As ruas vazias como uma boca sem dente

Ninguém corria de vê o vento balançar as rosas

Nem em vê a borboleta voar

Para lá e para cá

Essas coisas miúdas que nos faz feliz, agora eram tediosas

Caiu a tarde e as paredes das casas

Elas ficaram como feridas abertas mostrando as intimidades: via-se as cortinas vermelhas e azuis, as camas desfeitas e fumaças saindo das chaminés sem cheiro de comida, que pena! fedia isto sim, a pólvora e gás


A noite as estrelas caíram do céu e brilhavam nas poças pelo chão e no céu um gosto amargo na boca da noite gosto de fruta trevosa

Ah! Estou tão triste de vê minha cidade toda moída

Os prédios sem formas,

Amontoados de lixo

Os pássaros assustados não revoam mais

Só os pássaros metálicos defecando bombas sobre as pessoas, sujando as ruas

E eu senti-me  tão doído dessa vida...

Que não ouvia meu coração soluçar baixinho.

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